domingo, 6 de novembro de 2011

~#POESIAS AOS GATOS#~

O que dizer desses seres encantadores e misteriosos que nos cercam?Eles nos transmitem uma inspiração incrivel, repare que todos os poetas e artistas tem um gato que os acompanha nas suas jornadas sejam elas nas terras da realidade ou fantasia, lá está ele com sua figura imponente e tranquila, sejam elas estorias infantis ou pesadelos adultos ele sempre se faz presente o GATO nosso inseparavel personagem que se fez presente na mente de varios escritores que o eternizaram em suas palavras!!!
R.Raven

GATA DE RUA
      Afinal o que sou?
      Se não sei o que sinto.
      Quantas vezes já amei?
      Ou então fantasiei
      Amores são infinitos.
      Sou GATA DE RUA...
      Sem amo sem dono
      Sem gato e sem cama.
      Sem laço de fita
      Que faça sentir
      Aflição no pescoço.
      Sou GATA DE RUA...
      Só sei amar a Lua.
      Sei enlear-me no macho,
      Ser apertada no abraço
      Comer, beber e sumir.
      Sou GATA DE RUA...
      Sem dono e sem laço.

      Yedda Gaspar Borges

      Nos olhos

      Nos olhos de meu gato
      Há imagens que esperam...

      Há sonhos que não desvendo,
      Amores que não entendo,
      Encantos tantos,
      Quantos!

      Nos olhos de meu gato
      Tem mistério que não tem fim,
      Tem solidão,
      Agonia, poesia,
      Tristeza enfim...
      Nos olhos de meu gato
      O sonho se separa,
      A fantasia grita,
      A vida se agita,
      O mundo pára...

      Nos olhos de meu gato
      Eu vi...
      Só eu vi...
      Nos olhos de meu gato...

      Cida Sousa


      Ode ao gato

      Os animais foram
      imperfeitos,
      compridos de rabo, tristes
      de cabeça.
      Pouco a pouco se foram
      compondo,
      fazendo-se paisagem,
      adquirindo pintas, graça, vôo.
      O gato,
      só o gato
      apareceu completo
      e orgulhoso:
      nasceu completamente terminado,
      anda sozinho e sabe o que quer.

      O homem quer ser peixe e pássaro
      a serpente quisera ter asas,
      o cachorro é um leão desorientado,
      o engenheiro quer ser poeta,
      a mosca estuda para andorinha,
      o poeta trata de imitar a mosca,
      mas o gato
      quer ser só gato
      e todo gato é gato
      do bigode ao rabo,
      do pressentimento à ratazana viva,
      da noite até os seus olhos de ouro.

      Não há unidade
      como ele,
      não tem
      a lua nem a flor
      tal contextura:
      é uma coisa só
      como o sol ou o topázio,
      e a elástica linha em seu contorno
      firme e sutil é como
      a linha da proa
      de uma nave.
      Os seus olhos amarelos
      deixaram uma só
      ranhura
      para jogara as moedas da noite

      Oh pequeno
      imperador sem orbe,
      conquistador sem pátria
      mínimo tigre de salão, nupcial
      sultão do céu
      das telhas eróticas,
      o vento do amor
      na imterpérie
      reclamas
      quando passas
      e pousas
      quatro pés delicados
      no solo,
      cheirando,
      desconfiando
      de todo o terrestre,
      porque tudo
      é imundo
      para o imaculado pé do gato.

      Oh fera independente
      da casa, arrogante
      vestígio da noite,
      preguiçoso, ginástico
      e alheio,
      profundissimo gato,
      polícia secreta
      dos quartos,
      insignia
      de um
      desaparecido veludo,
      certamente não há
      enigma
      na tua maneira,
      talvez não sejas mistério,
      todo o mundo sabe de ti e pertence
      ao habitante menos misterioso,
      talvez todos acreditem,
      todos se acreditem donos,
      proprietários, tios
      de gatos, companheiros,
      colegas,
      díscipulos ou amigos
      do seu gato.

      Eu não.
      Eu não subscrevo.
      Eu não conheço o gato.
      Tudo sei, a vida e seu arquipélago,
      o mar e a cidade incalcullável,
      a botânica,
      o gineceu com os seus extrávios,
      o pôr e o mesnos da matemática,
      os funis vulcânicos do mundo,
      a casaca irreal do crocodilo,
      a bondade ignorada do bombeiro,
      o atavismo azul do sacerdote,
      mas não posso decifrar um gato.
      Minha razão resvalou na sua indiferença,
      os seus olhos tem números de ouro.

      (Navegaciones y Regresos, 1959)

      Pablo Neruda


      O gato

      O Gato, em si, o gato é
      no espaço em que se vê
      o gato que habita o gato
      emoldurado pelos olhos
      que decifram a forma gato
      no gato objeto do poema;
      o gato humano no beiral
      da cama onde o gato é.

      Ser gato é forma definida
      ao gato, então perplexo, que, reflexos
      de outros gatos, demonstra gatos
      ao entendimento curioso
      do gato ser.

      Somos gatos ao gato é
      assim como o gato não sabe
      que é gato e por não ser gato
      ao espaço dos meus olhos
      que os vê no gato do poema
      é concepção de forma
      sem estrutura humana
      ao beiral da cama
      onde o gato é.

      Flávio Rubens

      Felinos na noite

      (felinos na noite)
      pelos móveis pelo chão
      ronronando
      felina satisfação
      contaminando
      o ambiente com carinho
      pêlos e sofisticação

      de raça ou de rua
      seres da madrugada
      sinistros ou fofinhos
      longilíneos ou pequeninos
      gatos
      passeando
      pela casa
      madrugando
      em meu colo.

      Li Christiane

      O gato e o pássaro

      Uma cidade escuta desolada
      O canto de um pássaro ferido
      É o único pássaro da cidade
      E foi o único gato da cidade
      Que o devorou pela metade
      E o pássaro pára de cantar
      O gato pára de ronronar
      E de lamber o focinho
      E a cidade prepara para o pássaro
      Maravilhosos funerais
      E o gato que foi convidado
      Segue o caixãozinho de palha
      Em que deitado está o pássaro morto
      Levado por uma menina
      Que não pára de chorar
      Se soubesse que você ia sofrer tanto
      Lhe diz o gato
      Teria comido ele todinho
      E depois teria te dito
      Que tinha visto ele voar
      Voar até o fim do mundo
      Lá onde o longe é tão longe
      Que de lá não se volta mais
      Que você teria sofrido menos

      Sentiria apenas tristeza e saudades

      Não se deve deixar as coisas pela metade.

      Jacques Prévert

      O gato e o verso

      Eu escrevo
      ele descreve
      piruetas,
      carvão e neve
      E quando encontro a rima
      Lá vem o danado
      em cima do meu teclado
      Insistiu tanto o bichano
      que conseguiu o que queria:
      ser minha própria poesia!

      Luiza Aparecida Mendo

Um comentário:

  1. Divino esse seu blog, Raven! Parabéns pelo lindo trabalho!

    Bjinhosssssss ^.^

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